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Um site acessível pode ser um trunfo na Black Friday para atrair um público pouco lembrado, mas com potencial de compra.
A Black Friday é um período de aumento de vendas para o comércio. As empresas fazem ofertas agressivas para atrair os consumidores e para esse ano as expectativas são animadoras.
Se as organizações esperam vender, os consumidores esperam aproveitar descontos atrativos. A combinação desses dois fatores pode trazer resultados positivos para ambos os lados.
A grande questão é que na ânsia de vender, muitas vezes, nem todos os públicos são lembrados. As Pessoas com Deficiência deixam de fazer suas compras por falta de acessibilidade, seja em sites ou em estabelecimentos físicos.
PcDs como potenciais consumidores na Black Friday
São mais de 45 milhões de brasileiros que possuem algum tipo de deficiência, isso representa mais de 20% da população. Esse público possui um grande poder de compra. Segundo levantamento realizado em 2019, cerca de 5,3 bilhões de dólares.
Pessoas com deficiência não compram apenas na Black Friday. Elas fazem compras regulares, vão ao mercado, farmácia e outros estabelecimentos com frequência. Elas trabalham, possuem renda e movimentam a economia, pois, são ativas em consumir.
Sabendo das dificuldades que podem enfrentar, 89% optam por estabelecimentos comerciais que ofereçam acessibilidade, segundo a Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC).
Se encontrassem um ambiente adequado em todos os locais, o potencial de consumo aumentaria. Não é raro quem deixe de comprar por não conseguir finalizar uma compra online ou entrar em uma loja.
Não existe identificação com a marca, pois, os serviços ou produtos não funcionam para as pessoas com deficiência. Muitas vezes, elas não se veem representadas pelas empresas. As campanhas de marketing da Black Friday e outros períodos não são inclusivas e acabam afastando esse público. Elas perdem a oportunidade de aumentar a base de clientes.
A conscientização e inclusão como prática rotineira, resultaria em ações menos ofensivas na Black Friday. Além de garantir consumidoras PCDs fiéis o tempo todo. Esse ano o quadro não pode mais ser revertido, entretanto, no próximo será possível. Incluindo terá novos clientes em diversas datas comemorativas.
Os desafios para comprar
A Lei Brasileira de Inclusão 13.146/2015, determina que todos os sites sejam acessíveis a pessoas com deficiência. Cerca de 39% dos que fazem compras online informam que encontram dificuldades no comércio virtual, segundo o Procon SP.
Às vezes, a empresa tenta ser inclusiva no seu site, mas as medidas adotadas não são suficientes. Existem os que possuem audiodescrição, mas as informações essenciais nem sempre são fornecidas. As imagens não podem ser visualizadas com nitidez, não existe contraste de cores, a navegação não pode ser feita pelo teclado, os botões não são acessíveis e outros.
Outro ponto é que nem todos os tipos de deficiência são contemplados. Quem possui deficiências físicas costuma ser atendido na maioria das vezes. Entretanto, deficiências visuais, mentais e as pessoas com epilepsia fotossensível são deixadas de fora.
Mesmo muitos sites não sendo acessíveis para PcDs e colocando barreiras, nem sempre significa que a compra não será feita. A navegação e experiência serão ruins, o que desestimula a utilização desse canal, apesar do pedido ser realizado.
O mais importante não é fazer a venda, mas a imagem da empresa. A experiência refletirá em metade da população brasileira, na pessoa com deficiência e pelo menos mais um acompanhante. A perda da credibilidade e procura por concorrentes são certas.
Nas compras em lojas físicas, as barreiras encontradas fazem com que esse percentual seja ainda maior. Segundo o Procon SP 59% dizem que às vezes ocorrem dificuldades e 64% sempre têm problemas.
Isso deixa evidente que os desafios não ocorrem apenas em época de Black Friday, eles são constantes. Corredores apertados, provadores que não oferecem estrutura e falta de rampa de acesso são constantes.
A acessibilidade atitudinal é outro problema bastante percebido. Ela diz respeito à percepção do outro sem discriminação. Ao entrar em uma loja, muitas vezes a pessoa com deficiência não recebe atendimento devido ao preconceito ou falta de preparo.
Acessibilidade na Black Friday
Para que haja acessibilidade e consumo na Black Friday é preciso que mudanças sejam realizadas.
No e-commerce, as imagens dos produtos devem ter descrições com informações completas e as fotos possuir descrição em texto. Os vídeos devem ter audiodescrição e legendas e as imagens devem ter alta qualidade mesmo com a página ampliada. O Zoom de 200% deve ter boa resolução para que pessoas com visão reduzida visualizem bem o produto.
Segundo Claudia Martin Nascimento, parceira da Talento Incluir e co-fundadora do Acesso para Todos, esses pontos acima são essenciais para garantir acessibilidade tecnológica. Eles devem ser trabalhados em conjunto para atender a todos os públicos.
Além de responsivo, o site precisa ser limpo e com interface objetiva. Se tiver controle por voz, atenderá bem as pessoas com dificuldades motoras. O suporte deve ser feito por meio de texto, voz e se possível com vídeochamadas com intérpretes de libras.
A acessibilidade tecnológica deve ser aplicada desde o momento do desenvolvimento da plataforma. Isso é válido para os sites e aplicativos que se multiplicam a cada dia.
As lojas físicas devem ter display em braile, corredores largos para que cadeirantes possam circular e rampas de acesso. Os preços devem estar visíveis, com letras que possam ser vistas por quem possui perda visual.
Os atendentes precisam ser capacitados para atender e conhecer a linguagem de libras. A comunicação deve ser eficiente e esclarecer as dúvidas do consumidor.
As empresas que desejam vender na Black Friday devem pensar em todos os seus públicos em potencial. Isso incluiu as pessoas com deficiência e pessoas ligadas a elas. Uma forma de reverter os problemas e apostar na acessibilidade durante todo o ano.
Tornar acessíveis sites, lojas físicas e contratar pessoas com deficiência ajuda a superar barreiras. Quando chegar o momento mais aguardado, o da Black Friday, os que eram vistos como potenciais consumidores se tornarão clientes.
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Escrito por: Thais