Consumir produtos e serviços pela internet e ter deficiência (ainda) é um grande desafio

foto de gustavo torniero, homem branco de barba e cabelo curto, mexendo no celular

Gustavo Torniero – Colunista UinHub

Seja bem-vindo, leitor e leitora do UinHub. Eu sou um jovem jornalista com deficiência visual. Produzo conteúdo para veículos de comunicação, agências e empresas de forma geral, além de prestar consultorias em acessibilidade.

Essa pequena apresentação é para dizer que executo meu trabalho com certa autonomia, tenho um bom domínio tecnológico e consigo me virar. Mas sabe o que ainda eu peno para fazer, mesmo com todas essas habilidades? Compras na internet.
De janeiro a agosto de 2020, o comércio eletrônico bateu as cifras de R$ 41,92 bilhões, de acordo com a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm). O crescimento no período, em comparação aos primeiros 8 meses de 2019, foi de 56,8%. Mesmo com toda essa expansão, ainda continuamos de lado nessa história.
Como é difícil decidir comprar um presente para alguém ou para si próprio quando você tem alguma deficiência. As lojas virtuais, com raras exceções, não se preocupam em tornar seu ambiente acessível para todas as pessoas. Uma pesquisa do Movimento Web Para Todos, feita em 2018, chegou a uma conclusão taxativa: o comércio eletrônico não está preparado para receber pessoas com deficiência.

Posso dizer, sem medo de errar, que o cenário não se transformou de forma radical nos últimos três anos. Surgiram, sim, boas iniciativas e projetos, sobretudo pela mobilização de ativistas, especialistas em acessibilidade digital e organizações, mas o caminho ainda é íngreme.
Como eu, uma pessoa cega, vou comprar um produto na internet se o site não oferece uma descrição adequada da imagem do produto exibido? Como uma pessoa surda vai tirar dúvidas sobre o cancelamento de uma compra ou sobre um produto sem atendimento em LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais)?

A resposta simples é a seguinte: não vai. E as empresas vão perder consumidores, dinheiro e a oportunidade de se tornar uma marca humanizada e com respeito à diversidade.
A pesquisa do Movimento Web Para Todos identificou que as lojas virtuais não levam a descrição de imagens a sério e não disponibilizam o nome, o CNPJ e o endereço da loja de forma fácil para o usuário. Em 28% dos testes, os usuários não conseguiram concluir o processo de compra por um problema antes ou durante a finalização do pedido.
Quando a Talento Incluir me chamou para escrever neste espaço, me explicaram que o UinHub tem o intuito de reunir, em um único só lugar, informações sobre experiências, produtos e serviços acessíveis. Essa é uma das formas de fortalecer os nossos direitos – criar uma comunidade para educar a população sobre acessibilidade e inclusão e lutar pelos nossos direitos. Pois bem: vamos compartilhar, então, nossas vivências. E até a próxima!

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