Quase metade das empresas no Brasil não cumpre a Lei de Cotas

Ontem, dia 24, a Lei de Cotas (Lei Federal 8.213/91 – Art. 93°) completou 31 anos de sua promulgação, quando ficou determinado que organizações com mais de 100 funcionários devem destinar, no mínimo, de 2% a 5% de suas vagas a PCDs.

Criada para gerar inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho – abrindo espaço para uma parcela importante da população nacional (45 milhões de pessoas, segundo o último censo do IBGE, em 2010) -, a Lei de Cotas, apesar de obrigatória, é descumprida por 46,98% das empresas do país, segundo dados do Ministério do Trabalho.

De acordo com Carolina Ignarra, CEO do grupo Talento Incluir – ecossistema de diversidade e inclusão com foco em PCDs -, a empregabilidade formal de profissionais com deficiência quase dobraria caso esse percentual de companhias passasse a cumprir a legislação.

A executiva também aponta os principais erros que as empresas cometem para se tornar mais inclusivas, além de indicar como corrigi-los:

1) Abrir vagas somente para pessoas com deficiência

É o primeiro e mais frequente erro das empresas porque não consideram as experiências dos candidatos e acabam desperdiçando talentos.

2) Contratam apenas para cumprir a cota

Contratar não é incluir. A inclusão deve ter como objetivo a transformação de realidades, além do cumprimento de cotas. As empresas precisam fazer inclusão por convicção, e não por conveniência.

3) Falta de equidade

É um erro confundir equidade com igualdade. Após a seleção e contratação, é preciso oferecer equidade em todos os processos internos da empresa, como processos de avaliação e de desenvolvimento de carreira adequados para as pessoas com deficiência. É muito comum haver PCDs que ocupam as mesmas posições há anos nas empresas. Não é oferecido a elas plano de carreira para alcançar novas posições.

4) Promover ações apenas pontuais

A empresa precisa ter ações contínuas para promoção e disseminação da cultura de inclusão e diversidade e que envolvam desde a alta liderança e todos os níveis hierárquicos da empresa.

5) Ser simpatizante da inclusão

A empresa e suas pessoas precisam ser mais que isso. Precisam ser pessoas aliadas da inclusão e diversidade. Sair da posição de quem assiste para a posição de quem realmente age para promover transformações de fato na inclusão.

“Sabemos pelos dados oficiais que a Lei de Cotas abre menos de um milhão de vagas e temos mais de 9 milhões de pessoas com deficiência prontas para o trabalho. Até que todas as empresas no país cumpram as cotas, ainda assim faltarão vagas para as pessoas com deficiência. Precisamos olhar para os dados e promover a inclusão, ainda muito distante da ideal”, destaca Ignarra.
Artigo publicado na Administradores

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