Oscar mostra maior representatividade; conheça os três filmes sobre pessoas com deficiência indicados

A tradicional cerimônia do Oscar ocorreu no último domingo (25 de abril). Foi, sem dúvida, o ano da diversidade – inclusive quando o assunto é pessoas com deficiência. Três filmes sobre a temática foram indicados: o longa “O Som do Silêncio” (Sound Of Metal), o curta “Feeling Through” e o documentário “CripCamp”, e com atuações fortes e questões sensíveis, todas essas obras abordaram de uma forma ou de outra a inclusão em seu estado mais puro.

O Som do Silêncio foi indicado em seis categorias e levou em duas delas: melhor som e melhor montagem. Entre os três, foi o único a levar uma estatueta para casa. O mérito do filme está em mostrar a jornada pela aceitação de um baterista que perde a audição, interpretado pelo ator inglês de origem paquistanesa Riz Ahmed.

Inconformado, o músico procura um conselheiro de drogas em uma comunidade para surdos e descobre questões delicadas até entre pessoas com deficiência auditiva, como colocar ou não implante coclear. O conselheiro é interpretado pelo ator Paul Raci, que foi criado como filho de pais surdos e é fluente na Língua de Sinais Americana.

O filme está disponível no serviço da Amazon Prime, mas infelizmente só possui audiodescrição em inglês. Eu tive a experiência de assistir ao longa dublado, mas perdi muitas informações por essa  falta de acessibilidade, inclusive dificuldade de compreensão dos 5 minutos finais. Isso mostra que, apesar dos avanços, ainda existem enormes desafios pela frente.

Já Feeling Through é o primeiro filme com um ator surdocego no papel principal, de acordo com os criadores. Apesar de não ter levado a melhor no Oscar, já conquistou ao menos 13 prêmios. Conta a história de um homem que vive em situação de rua e conhece uma pessoa surdocega pelas ruas da cidade de Nova York, em busca de ajuda para atravessar essa difícil fase da vida.

A ideia do  curta-metragem surgiu anos atrás, quando o diretor, Doug Roland, teve um encontro parecido com uma pessoa surdocega, também na cidade de Nova York. Para garantir um retrato fidedigno da comunidade, Doug fez uma parceria com o Centro Nacional Helen Keller (nos EUA), onde estudou sobre o assunto e escalou Robert Tarango para o papel de ator principal.

A produtora executiva é a atriz surda vencedora do Oscar de Melhor atriz em 1986,  Marlee Matlin. Ela, inclusive, apresentou duas categorias em língua de sinais americana no Oscar de 2021: melhor documentário e melhor documentário de curta-metragem.

Falando em documentário, o último da lista é CripCamp, com a produção executiva do casal Obama. Tá pouco ou quer mais? Foi por essa representatividade, inclusive, que pela primeira vez na história a cerimônia contou com uma rampa no palco.

A história contada é de um acampamento de verão revolucionário que acomodou vários jovens com deficiência em Nova York. Lá eles poderiam ser eles mesmos, com seus desejos, aflições, aspirações, medos e inseguranças. Viviam, por assim dizer, como pessoas comuns, sem discriminação pela deficiência.

Anos depois, muitas dessas pessoas inspiraram o movimento pela vida independente e pelos direitos das pessoas com deficiência nos Estados Unidos, fazendo parte de movimentos passíficos históricos, como ocupação de prédios federais para o cumprimento de um regulamento sobre acessibilidade e inclusão. Posteriormente, também inspiraram a criação da lei dos Americanos com deficiência (ADA), em 1990.

São três obras que valem a pena assistir (duas delas em serviços de streaming). Elas mostram que a inclusão é um caminho sem volta no Oscar. Mas, também, que ainda existem fragilidades e desafios quando o assunto é representatividade e recursos de acessibilidade nos cinemas. Se você gostou desse post, não deixe de conferir a sessão de indicação de filmes do UinHub!

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